Tatiana Palm
O
nosso estudo e a prática de yôga começou a mais de um ano e logo de início
ocorreram mudanças em nós mesmos. O que primeiro
notamos, até porque tornou-se visível, foram
os benefícios relacionados
à aparência física: nos
sentimos mais saudáveis (em boa forma física) e
sentimos o aumento da vitalidade.
A mudança, no entanto, não ocorre somente do lado de fora: interiormente
também acontece o movimento.
“Quanto
mais o homem afasta-se da natureza, mais se afasta de si mesmo, da vida e do
silêncio criador”. Ainda antes de enveredar nos caminhos do yôga já havíamos nos
reaproximado da natureza, havíamos nos reconectado a ela. Assim, trilhando o
caminho do yôga não só passamos a ter mais vitalidade senão que também reforçamos
a nossa conexão com a natureza e com nós mesmos e inevitavelmente vivenciamos
um desapego em relação ao material, às coisas do mundo: coisas tão pequenas,
fugazes, perturbadoras.
Com
a prática do yôga passamos a prestar atenção em nossa respiração, corrigindo-a;
nos tornamos atentos ao ritmo do nosso corpo, acalmando-o. Assim, nos tornamos
mais compreensivos, mais pacientes, mais calmos, mais presentes. Com o yôga
também passamos a ter mais energia, e, por isso, tornou-se comum a situação de
ser polo irradiador de energia. Por onde passamos espontaneamente não raramente
vamos irradiando vibrações positivas, força, vitalidade, bem-estar, alegria
que, geralmente, contagia e cativa aquele com quem nos relacionamos. Começamos a
nos descobrir como sendo seres de luz (pessoa iluminada).
A
alegria, que parecer ser própria da prática do yôga, nos dá a leveza necessária
para voar sobre os significantes insignificantes problemas. Ela cativa, abre
portas que sem ela, certamente, nos exigiria mais esforço. Além da alegria a
criatividade também renasce. A criatividade artística e intelectual nos fez
encantar nosso cotidiano e reencantar a prática educativa em sala de aula. Com
a leveza própria da alegria e com a criatividade melhoramos em nosso ser-com os
outros.
O
yôga conduz ao caminho da felicidade, aquela que carregamos lá no interior, e
que não depende de nada que vem de fora. Uma felicidade que quando encontrada é
impossível não dividir com os outros. Isso só é possível porque o yôga faz com
que, em nosso interior, aconteça a alquimia dos sentimentos, dos pensamentos, da
perspectiva (do óculos que usamos) com que enxergamos o mundo.
Com
a prática do yôga nos encontramos com a meditação: cultivamos o silêncio que nos
dá o encontro com nos mesmos. “Meditar é voltar sobre si mesmo. É descobrir-se.
É interiorizar-se. É silêncio.” Silêncio não diz respeito apenas a perturbações
exteriores senão também às interiores (pensamentos). Como apaziguar e silenciar
o fluxo de pensamentos alimentado continuamente pela atividade dos sentidos e pelo subconsciente? É importante não nos esquecer que é próprio da essência
do ato de pensar produzir pensamentos, então, silenciar a mente não pode
significar esvaziá-la de pensamentos, isso é impossível. Descobrimos que
silenciar significa muito mais colocar-se como observador do fluxo mental sem
por ele ser arrastado. Silenciar é transcender o fluxo dos pensamentos. É colocar-se
como observador de si. Isso parecer significar estar no olho do furacão.
Certamente, essa é uma prática que deve ser exercitada diariamente.
No
meditar acontece o encontro com as cores. No conforto encontrado, na posição
adequada, com a respiração ritmada, experenciamos a festa das cores, elas dançam em nós: azul, verde,
lilás. Com o apaziguamento da mente começamos a focar com mais facilidade aquilo
que desejamos e, assim, aprendemos a ter cuidado com o que desejamos,
mentalizamos, projetamos mentalmente fora de nós. Compreendemos a veracidade do
que se diz por aí: nós criamos a nossa realidade.
O
yôga está, definitivamente, em nossa vida e, certamente, é muito mais do que
uma aula praticada em um determinado tempo guiada por um instrutor. O yôga está
em nosso dia a dia quando repetida e insistentemente procuramos transcender o
fluxo de pensamentos, quando praticamos a concentração em um ponto, quando vamos lembrando de nos colocar em um postura confortável e de respirar adequadamente (com ritmo), quando
procuramos estar presentes, ser presentidade, ser consciência permanecendo fixos em um ponto (no coração), quando nos
voltamos para nós e procuramos estar entregue a nós sem nos importar com os
outros. Lembramos que se importar é trazer para dentro o outro, o que, na sendo do yôga, pode ser um obstáculo para a solidão, o estar conectado ao si.
Namastê!