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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Na senda do yôga

Tatiana Palm



O nosso estudo e a prática de yôga começou a mais de um ano e logo de início ocorreram mudanças em nós mesmos.  O que primeiro notamos, até porque tornou-se  visível,  foram  os  benefícios  relacionados  à aparência  física:  nos  sentimos  mais  saudáveis (em boa forma física)  e  sentimos o aumento da vitalidade.  A mudança, no entanto, não ocorre somente do lado de fora: interiormente também acontece o movimento.


“Quanto mais o homem afasta-se da natureza, mais se afasta de si mesmo, da vida e do silêncio criador”. Ainda antes de enveredar nos caminhos do yôga já havíamos nos reaproximado da natureza, havíamos nos reconectado a ela. Assim, trilhando o caminho do yôga não só passamos a ter mais vitalidade senão que também reforçamos a nossa conexão com a natureza e com nós mesmos e inevitavelmente vivenciamos um desapego em relação ao material, às coisas do mundo: coisas tão pequenas, fugazes, perturbadoras.
Com a prática do yôga passamos a prestar atenção em nossa respiração, corrigindo-a; nos tornamos atentos ao ritmo do nosso corpo, acalmando-o. Assim, nos tornamos mais compreensivos, mais pacientes, mais calmos, mais presentes. Com o yôga também passamos a ter mais energia, e, por isso, tornou-se comum a situação de ser polo irradiador de energia. Por onde passamos espontaneamente não raramente vamos irradiando vibrações positivas, força, vitalidade, bem-estar, alegria que, geralmente, contagia e cativa aquele com quem nos relacionamos. Começamos a nos descobrir como sendo seres de luz (pessoa iluminada).


A alegria, que parecer ser própria da prática do yôga, nos dá a leveza necessária para voar sobre os significantes insignificantes problemas. Ela cativa, abre portas que sem ela, certamente, nos exigiria mais esforço. Além da alegria a criatividade também renasce. A criatividade artística e intelectual nos fez encantar nosso cotidiano e reencantar a prática educativa em sala de aula. Com a leveza própria da alegria e com a criatividade melhoramos em nosso ser-com os outros.
O yôga conduz ao caminho da felicidade, aquela que carregamos lá no interior, e que não depende de nada que vem de fora. Uma felicidade que quando encontrada é impossível não dividir com os outros. Isso só é possível porque o yôga faz com que, em nosso interior, aconteça a alquimia dos sentimentos, dos pensamentos, da perspectiva (do óculos que usamos) com que enxergamos o mundo.


Com a prática do yôga nos encontramos com a meditação: cultivamos o silêncio que nos dá o encontro com nos mesmos. “Meditar é voltar sobre si mesmo. É descobrir-se. É interiorizar-se. É silêncio.” Silêncio não diz respeito apenas a perturbações exteriores senão também às interiores (pensamentos). Como apaziguar e silenciar o fluxo de pensamentos alimentado continuamente pela atividade dos sentidos e pelo subconsciente? É importante não nos esquecer que é próprio da essência do ato de pensar produzir pensamentos, então, silenciar a mente não pode significar esvaziá-la de pensamentos, isso é impossível. Descobrimos que silenciar significa muito mais colocar-se como observador do fluxo mental sem por ele ser arrastado. Silenciar é transcender o fluxo dos pensamentos. É colocar-se como observador de si. Isso parecer significar estar no olho do furacão. Certamente, essa é uma prática que deve ser exercitada diariamente.


No meditar acontece o encontro com as cores. No conforto encontrado, na posição adequada, com a respiração ritmada, experenciamos a festa das cores, elas dançam em nós: azul, verde, lilás. Com o apaziguamento da mente começamos a focar com mais facilidade aquilo que desejamos e, assim, aprendemos a ter cuidado com o que desejamos, mentalizamos, projetamos mentalmente fora de nós. Compreendemos a veracidade do que se diz por aí: nós criamos a nossa realidade.
O yôga está, definitivamente, em nossa vida e, certamente, é muito mais do que uma aula praticada em um determinado tempo guiada por um instrutor. O yôga está em nosso dia a dia quando repetida e insistentemente procuramos transcender o fluxo de pensamentos, quando praticamos a concentração em um ponto, quando vamos lembrando de nos colocar em um postura confortável e de respirar adequadamente (com ritmo), quando procuramos estar presentes, ser presentidade, ser consciência permanecendo fixos em um ponto (no coração), quando nos voltamos para nós e procuramos estar entregue a nós sem nos importar com os outros. Lembramos que se importar é trazer para dentro o outro, o que, na sendo do yôga, pode ser um obstáculo para a solidão, o estar conectado ao si.


Namastê!