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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Delicadezas Cotidianas




Quando há uma criança em casa ...
Aprendemos sobre delicadezas
Aprendemos a importância do silêncio
e o falar em baixo tom  
Como escuta ela os ruídos que quebram o silêncio?
...
Reaprendemos a lidar com a louça
– que precisa ser lavada com o mínimo de ruído
Cuidamos quando abrimos a torneira
é preciso não deixar a água cair no balde barulhenta
...
Aprendemos a comungar do sutil 
Percebemos o mundo de outro ângulo
Daquele onde nossos pés não pisam
Da transcendência

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

“O espelho, são muitos”




O que és tu para além da pureza e perfeição da natureza? És unidade. Sim, tu não vives a díade, a dicotomia, a dualidade, a separação entre eu-outro, eu-mundo. Nada sabes acerca do bem e do mal, do bom e ruim, certo e errado, direita e esquerda, bonito e feio. Tu és una e assim tens a percepção do mundo, tu és o mundo, o teu mundo. O que expressa no choro ou na alegria é o teu ser inteiro, tua integridade, tua totalidade, tua verdade, sem fingimento, sem imagem, sem eu. Tu és unidade exatamente porque ainda não tens um eu (ego). Tu és aquilo que busco ser. Tornar-me quem tu és é a meta da jornada espiritual. O autoconhecimento que tu me permites ter é exatamente o que conduz a unidade. Ser um com o todo é a meta, o autoconhecimento o caminho.


Quando tu nasceste, o cordão que nos unia foi cortado e no mundo físico tornamo-nos duas: eu e tu, mas, no mundo sutil, nossa unidade permanece e assim será por um tempo. Tu és, sutilmente, meu espelho já que comunicas aquilo que silencio, manifestas a minha sombra, o que sinto tu sentes. Eu e tu estamos, por ora, fusionadas e nada do que se passa em mim deixa de ser expressado por ti. O meu corpo em contato com o teu lhe oferece o limite e a segurança dentro da vastidão que é o mundo para ti, já a expressão do teu corpo revela a minha alma que é composta do passado como também do presente. És tu que pelo teu olhar doce, pelo teu sorriso meigo e pelo choro faz irromper em mim as sensações do bebê que eu já fui. Sim, como meu espelho, tu me fazes sentir como se fossem minhas as tuas sensações. Ao me reconhecer em ti sou inundada por sensações agradáveis, vivencio estados de alegria e amor que, certamente, são divinos por serem sublimes.


Tu que és meu espelho, tu que és a criança que já fui, tu que comigo te comunicas (sem palavras) é quem me permite perceber o que em nosso cotidiano eu sou. É por reconhecer o que sou que posso ir além e realizar a verdadeira transformação (de mim mesma). É porque estas junto de mim que posso ir além da forma (do conteúdo) pela ação. Transcender a forma é colocar em prática o que tantas vezes já li, compreendi e contemplei na teoria. Sim, és tu que me permite observar o meu interior – perceber o que se passa dentro: o sangue ferver cada vez que teu choro casa com meu cansaço; a expansão do amor quando te olho e admiro. É, assim, contigo que a noite vem, a manhã vem, outra vez a noite ... o ciclo se repete sem parar, mas, a cada dia tenho a oportunidade de me tornar melhor, de aplicar o conhecimento aprendido outrora e, dessa maneira, evoluir. Isso só é possível porque tu crias as situações favoráveis de aperfeiçoamento de mim, de medit(A)ção, de presença, o que significa, contigo tornei-me atenta ao que se passa dentro na forma de sentimentos e pensamentos e ao que se passa fora na forma de ação no aqui e agora. A ti sou grata! OM!