sexta-feira, 19 de junho de 2020
Mãe cíclica
O que fazes tu, em tempos de quarentena? Certamente, nestes tempos, mães estão sobrecarregadas e, por isso, distantes de si. É preciso dividir o tempo entre filhos, casa, marido, estudo, home office ... mas não há tempo para si: não há pausa, não há silêncio, não há recolhimento. Em isolamento social e vivendo uma mistura de angústia, estresse, culpa, impaciência, medo, e, cobranças, cansaço físico, exaustão emocional ... a mãe pode enfrentar uma crise de identidade como aquela descrita por Natália Ahn: “No silêncio do terceiro mês do meu isolamento devido a uma pandemia, me deparo com uma crise: Quem sou eu? A mãe? A estudante? A esposa? A mulher/indivíduo? Quem sou eu? Não consigo me identificar nesse momento, não consigo dizer quem sou.”
Aqui em casa, sou mãe solo, busco equilibrar e respeitar ao máximo o que se passa em mim. Existem aqueles dias em que tudo é fácil, o ânimo está leve e alegre, o sono é pouco, são dias de criatividade e aproveito para produzir mais, trabalhar mais, enfim, fazer mais. Isso, no entanto, não quer dizer que tudo acontece conforme a minha vontade já que existe uma criança de 3 anos que tem suas necessidades para serem atendidas e respeitadas. Há aqueles dias em que a criatividade diminui e há uma força de ação, de execução do planejado e pensado, e, em seguida, vem os dias de reflexão, desordem interior. Esses são os dias em que faço o que precisa ser feito, mas sem gastar energia, busco recarregar as forças, por exemplo, mexendo na terra (ainda que em vasos), cuido com mais atenção da casa e procurando incluir a criança no fazer. E chegam os dias em que o simples ato de respirar cansa e porque estamos com pouca energia logo nos irritamos com aquilo que cobra mais do que podemos oferecer. Em seguida, sangramos, e são os dias em que nos pedem mais recolhimento, aquietamento, introspecção, silêncio, o que, certamente, e difícil para uma mãe respeitar, afinal, são tantas as demandas! É difícil, mas essencial!
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