Quando se ouve falar em filosofia é comum vir à cabeça a ideia de que é algo difícil, abstrato e distante de nós. entende-se que ela é questionamento e pensamento (teorias ou ideias) construídas por pensadores sobre as coisas da vida/mundo ou sobre o que está além (metafísica). O que? Como? Por que? De onde? são as perguntas guias.
Sim, a filosofia é isso - teoria, mas
ela não só isso. A maioria não sabe que a filosofia também possui uma dimensão
prática. A parte prática da filosofia é um conhecimento que o pensador obtém
pela experiência e sobre si mesmo e que interfere diretamente na sua maneira de
fazer filosofia. Pode-se dizer que é o autoconhecimento do pensador o que faz a diferença na sua maneira de pensar e fazer filosofia.
A filosofia que se faz por aí, academicamente, em geral, se resume a uma teoria que não leva em conta a parte prática, quer dizer, é um pensamento crítico, reflexivo, argumentativo que acontece sem a prática do conhecimento de si. O autoconhecimento, no entanto, é parte essencial da filosofia em sua origem e, igualmente, da filosofia dos grandes pensadores da história.
Pitágoras, por exemplo, foi um sábio
porque além de seu pensamento, cultiva a prática da disciplina e autocontrole
e, igualmente, exercícios de controle mental. Não é à toa que Heráclito fala
que um inteligência cultivada (intelectual) somada aos exercícios de vida
prática conduz a inteligência divina. Não é em vão que Sêneca praticava
exercícios espirituais e que Heidegger se retirava em sua cabana na floresta
negra.
Então, a próxima vez que você ouvir falar em filosofia você vai lembrar que ela é muito mais do que teoria, ela também é uma atividade relacionada ao conhecimento do pensador em relação a si mesmo. A filosofia originária e autêntica possui, portanto, um âmbito prático (práticas sobre si mesmo) e o âmbito do pensar (o lado teórico-intelectual).