Páginas

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

El Derecho al Delirio - Eduardo Galeano


"Se não nos deixai sonhar,
não os deixaremos dormir"


"A utopia está no horizonte
Eu sei muito bem que nunca a alcançarei,
que se eu ando dez passos
ela se distanciará dez passos
quanto mais a procure menos a encontrarei
porque ela vai se distanciando
quando mais me aproximo ...
Para que serve? A utopia serve para isso,
PARA CAMINHAR"

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O mud@mundo como utopia





"De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar.
Fazer da interrupção um caminho novo, fazer da queda, um passo de dança, do medo, uma escada, um sonho, uma ponte, da procura, um encontro."
(Fernando Pessoa)

...

          Estive cheia de sonhos, sonhos que conduziram a ação, sonhos que coloriram meus desejos, sonhos que me levaram a angústia que mora em mim. Angústia que com frequência transborta em lágrimas, em grandes imaginações, em planos de fuga. mas, como aprendi a respeitar os sinais do tempo, a estar a seu favor, sincronizada com o momento, deixo-o decidir e sem insistir me rendo. Os meus sonhos, que não conhecem os limites do tempo, mas que só acontecem dentro de um tempo, vão ter que esperar. O tempo deles não é este agora, mas o mais tarde.



          Mas, deixe-me contar dos meus sonhos porque ao desenhá-los em letras alivio minha angústia: O que nos pôs em movimento foi o desejo de satisfazer os nossos interesses subjetivos aliando-os a uma causa objetiva. A causa porquê acreditamos fazer sentido lutar é a da sustentabilidade. O desafio desta geração é mostrar que outro mundo é possível, que podemos substituir um habitus insustentável por um habitus sustentável de vida. Isso depende, certamente, de uma mudança em nós. Nós temos que ser a mudança que queremos ver no mundo! Com o intuito de buscar mudar a nós mesmos e o mundo (por meio de uma educação para a sustentabilidade) criamos o projeto mud@mundo. Estruturá-lo teoricamente não foi problema, já que fomos muito mais adestrados a sermos bons teóricos do que executadores de ideias.
          Nos primeiros dias deste ano de 2012 descobri a mais nova profissão do nosso século: Personal Coach (uma espécie de conselheiro que através de perguntas poderosas, técnicas e ferramentas específicas tem a função de ajudar as pessoas a atingir os seus objetivos). Decidimos ouvir os sesu conselhos pois assim tendo um modelo de conduta se torna mais fácil, por comparação, saber onde erramos. Os conselhos do Coach rezam que é preciso sonhar, definir o objetivo com um tempo de realização determinado e, assim, traçar uma plano de ação (definir o passo a passo). A intuição, incrivelmente, é levada em conta. É aconselhável ouvir a voz interior, suas objeções, a sensação de desconforto ou conforto por ela provocada. Também é importante antecipar mentalmente a vivencia do que está em jogo; é importante perceber o que se vê, ouve e sente ao anteciparmos a vivencia do ponto de chegada do projeto em andamento. Ainda é necessário o bom senso, a motivação e a celebração (comemorar cada conquista) e, sobretudo, o fazer (a ação). O bom senso é necessário quando se sabe que com o nosso projeto afetaríamos pessoas ao nosso redor. Se houver desarmonia é com o uso do bom senso que se tenta adequar os outros aos nossos objetivos.

           Com o conhecimento do procedimento ideal passaremos, agora, a uma autoavaliação. É curador e enriquecedor o processo de filtrar os sonhos, identificar os pontos fracos, os erros cometidos. Isso nos purifica, alivia a culpa de nós por nós mesmos. Repasso em minha memória os dias de construção só para identificar os pontos frágeis da utopia, do mud @mundo. O sonho é algo que brota de dentro e não pode fazer parte “deste dentro” por convencimento. O seu nascimento no interior pode ser provocado por diversos estímulos, mas, jamais deve ser forçadamente ali plantado porque dessa maneira não brota, não vinga. Qs sonhos devem nascer de modo natual e não ser plantados. Foi mais ou menos isso o que fiz: forçei o(s) outro(s) a criar dentro de si o meu sonho para desse modo podermos ter um sonho comum. A diferença é que frente a qualquer dificuldade eu permanecia presa ao meu sonho e você(s) se desprendia(m) para, mais tarde, ao serem lembrados, voltar a estar a ele contado.
           Já o objetivo sempre esteve claro, porém, o plano das ações foi centralizado em torno do como realizaríamos o “nosso” sonho e não no modo como chegaríamos até o ponto de começar a realizá-lo. O ato de antecipar a vivencia do nosso projeto nos fez planejar detalhadamente a sua execução e deixamos de planejar cautelosamente os passos que conduziam até a execução. Vítimas do imediatismo, pecamos! Queríamos executá-lo logo, o quanto antes, e, imediatistas que somos, menosprezamos o caminho que deve ser trilhado até chegar ao ato que condiciona o fazer (executar). A motivação foi muitas vezes abalada pelas palavras e pensamentos negativos vindos de quem foi convencido a ter um sonho. Quem tem um sonho dentro de si é Fortaleza: não é atingido pela discordância ou desarmonia dos outros em relação aquilo que é o seu querer. Não se preocupa em demonstrar que sua ação os beneficia de algum modo ou que, pelo menos, não os prejudica. Mas para quem tem um sonho colocado dentro de si sente o peso das objeções de gente de fora, a discordância do outro abala ainda que o outro (apenas indireta e inofensivamente) seria afetado pela sua realização. Não se consegue demonstrar que sua ação os beneficiará ou não os prejudicará. A intuição, na verdade, nunca deixou de dar seus palpites, mas, muitas vezes decididamente ignorei suas acertadas alfinetadas.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A construção da rede social (os amigos e amigos dos amigos)


 
          “A rede social de amigos, parentes e colegas de trabalho. As visitas, barganhas, fofocas e manipulações que ocorrem entre eles (…). Estes são processos e situações com que todos nós nos envolvemos e que se constituem no material básico da vida social”. Não obstante, nunca, ao conviver, quis me envolver mais do que necessária e naturalmente sempre já estive envolvida. (Talvés por saber da minha falta de habilidade para lidar com isso). Caso é que a rede de relações na qual um humano nasce e se constrói, que tenta conscientemente ou não manipular e que é, consciente ou não, manipulado, é a rede que “não é somente a fonte de seus problemas sociais; também fornece a matéria-prima com a qual deve resolver seus problemas”. Isto é assims segundo Jeremy Boissevain. Como gosto de brincar relacionado idéias, bringo agora, para melhor entender a realidade, para ter uma maior compreensão do fatos. Quero falar da rede de amigos e dos amigos dos amigos, rede permeada pela a amizada que Eric Wolf chamou de amizade instrumental.
          A amizade instrumental, diferentemente, da emocional é por interesse. A relação de amizade interessada tem como objetivo obeter acesso a recursos - naturais ou sociais - sendo que o empenho por esse acesso é vital nessa relação. A amizade, neste sentido, tem um utilidade (serventia) prática, sendo que quanto mais amigos melhor já que ocorre um processo de apadrinhamento de uns em relação aos outros. A amizade interessada se apoia na reciprocidade. Ela não deixa de ter intensidade e afeto, ao contrário, a intensidade da relação pode aumentar, dependendo, é claro, da troca e, principalmente, do número de favores trocados. Como o afeto também é um ingrediente importante dessa relação, se ele não existe deve ser criado. Ou nas palavras do autor: “se não está presente deve ser fingido”. Esta relação, no entanto, fica ameaçada quando um dos membros explora demais o outro ou quando um favor não é atendido.
          É de importância crucial criar este tipo de amizade, a instrumental, pois, a concretização de muitos projeto, sejam pessoais ou não depende deste tipo de relação. A relação envolve atos de assistência mútua. Quando se tem amizade instrumental é possível você existir para os outros, outros que anunciam e informam da nossa existência, dos nossos planos. É aí que a importância disto extrapolam a esfera da subjetividade atingindo ou sensibilizando os outros. É isso que ocorre quando se forma uma rede social de amigos - os contatos são feito boca a boca e, como dizem por aí, nada melhor do que isso para saber quem são de fato as pessoas! Em uma rede de amigos, os amigos nos coloca em contato com os seus amigos e assim viramos amigos dos amigos. A partir daí fizemos amizade com os amigos dos amigos dos amigos. Sem dúvida, fui convencida que para inciar qualquer projeto é vital um conjunto de contatos estabelecidos e cuidadosamente cultivados. A questão é: como fazer isso? Como já confessei: não tenho nenhuma habilidade. Não me ensinaram! O que sei é que uma amizade não se pode forçar, então, como fazer? Participar de algum evento pode ser um bom caminho. Por sincroniciade chegamos até o Aldeia da Paz , evento que ajudaremos a organizar em 2012, em POA.



Textos lidos:
Apresentando ”amigos de amigos: redes sociais, manipuladores, e coalizões”
Parentesco, amizade e relações patrono-cliente em sociedades complexas de Eric R. Wolf
de Jeremy Boissevain