
Na Aldeia todo dia é domingo. Um eterno domingo … assim são os dias porque todo dia é alegria, diversão, satisfação, contemplação, medita-(a)ção. A verdade é que facilmente nos perdemos no tempo, não sabemos dizer o dia da semana nem qual é o dia do mês. Também é verdade que isso não faz muita diferença já que todo dia é domingo!

Nela é possível experenciar uma outra forma de organização social onde no lugar de lideres existem focalizadores. O focalizador não é um líder no sentido de dar ordens; é sim a pessoa que adquiriu respeito por sua capacidade. Ele participa da roda e das atividades, lado a lado com todos. Ele dá apoio e segura o foco do que vai sendo realizado e compartilhado porque reúne uma experiência maior do que outros participantes da Aldeia. Assim, vivenciamos uma anulação do “status quo” e uma dificuldade em distinguir entre sábios, ordenadores, executores. Não há uma relação entre senhor e escravo e sim uma relação de igualdade, onde cada um, de acordo com suas capacidades, tem igual importância para o bom funcionamento do todo.
A Aldeia da Paz é o lugar onde se dança em círculo na roda do fogo para saudar a natureza e celebrar o divino que há em nós. Mas, para além disso, é o lugar para a redescoberta dos nossos “muitos eus” entre os quais está o “eu criativo” que acaba ficando esquecido, pois na sociedade onde reina a tecnologia “o imenso potencial criativo do ser humano é interrompido, negado, frustrado, na mesma medida em que o ser é empobrecido na sua capacidade de realizar, de realizar-se”. É o lugar onde há uma comunicação não violenta, o desinteresse em julgar o outro, o esforço por aceitá-lo em sua diversidade, e, sobretudo, há integração prática entre trabalho, lazer e espiritualidade. Essa é a mágica: em conexão permitir o desenvolvimento das diferentes dimensões do humano (material, social, criativa, espiritual.) Aldeia da Paz, uma experiência que será sempre muito maior que a explicação e, talvez, as palavras possam empobrecer um tal encantamento.

Como uma doce mãe a Aldeia da Paz gerou novos filhos, os filhos da terra; educou para a sensibilidade (para a escuta da mãe terra, para perceber o movimento da natureza, para sentir o toque suave do vento, para conhecer o calor e força do sol e as sinuosidades da lua) e para um outro modo de vida. Nos braços da aldeia um mundo novo vai se abrindo em cada mirada e a cada conversa que se ensaia com cada um dos aldeões. É um mundo em que a vida humana anda em conexão com a natureza, anda preocupada com o ser inteiro e não pela metade. É um mundo em que a terra é Pachamama, onde Deus (a força superior) é um dançarino alegre-provocador, destruidor-construtor. Para ser “religioso” basta obedecer apenas dois preceitos: honrar o deus que nos habita e amar ao próximo como a ti mesmo. (Isso é amor!).
Cada um de nós, humano, é, nada mais do que uma centelha de chama sagrada. E, assim, somos luz. “Somos curadores, curamos com luz, luz do nosso amor… luz que chega à terra, cura toda a natureza, despertando a humanidade, curando todo o planeta” (Mira). E, assim, onde iremos estar, lá se encontrará a presença divina, lá estara a aldeia, a aldeia que carregamos dentro. E, como bons filhos não podemos não ser luz e exemplo à todos, exemplo vivo que mostra em práticas e palavras a essência do que somos. E, assim, nos tornamos guerreiros de luz.
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