A
descrição do que se experiência é sempre uma aproximação do que é
experimentado. Ando saboreando a fragrância da Consciência que mora em mim, do
Ser que me habita. Me aproximo da morada do Ser (autêntico). O caminho é longo,
avanço em passos lentos, mas prazerosa e alegremente. Tudo começa no
reconhecimento do presente, do agora, do ser e estar presente. Mas não basta o
conhecimento do valor do agora, da atenção, é preciso mais do que isso para se
sentir inteiro, completo: é necessário ter a experiência. Estar presente, ser
atento, ser presença possibilita a inteireza no fazer, no sentir, no que se é (so ham). Estar no agora é estar em
medit(a)ção.
Atenção!
Atenção! repete o pássaro da Ilha. Atenção é sustentar o foco sobre um objeto
escolhido e não permitir a distração da mente. Para além disso, estar atento é
o mesmo que ser-consciência, praticar a presentidade. Procure estar atento,
presente, do teu exterior, mas também faça com que a luz da consciência
(atenção) dirija-se ao seu dentro. Perceba: o que sentes? Por que sentes? Com a
consciência do que se passa fora e do que se passa dentro, nos aproximamos do
próprio Ser que somos, do Ser enquanto centro de força, que não é diferente das
forças constitutivas do cosmos. Osho diz que, quando estamos no Ser todo e
qualquer fazer se torna sagrado. Se vamos um pouco mais longe percebemos ser e
fazer não representam uma dualidade senão que o Ser está contido no fazer.
Certamente
podem questionar se a experiência de ficar atento ao presente ou ainda se o ato
de manter a mente sem distrações pode ser uma ação do dia a dia. Ser presença
não exige um retirar-se da vida cotidiana, ao contrário, significa adentrar
nela ainda mais na medida em que nos tornamos plenamente presente em cada
experiência subjetiva (do fazer e do sentir). Posso exercitar minha
presentidade em pequenas situações com, por exemplo, no fazer um chá: opto pelo
sabor, cuidadosamente esmago as folhas secas, escuto o seu ruído, percebo o
movimento das minhas mãos, estou atento, estou presente no fazer. Não deve ser
diferente quando você dança. Na dança é possível a mu(d)ança quando há uma
entrega de si, o estar presente no passo, no ritmo. Anseie multiplicar o estar
presente, estendê-lo a diversas e diferentes ações de modo que possa nele
estar, ficar, permanecer como presença. Como disse Mooji, seja presença, a todo
momento, onde quer que vá a sua atenção, traga ela de volta para o presente e,
gradualmente, nossa consciência permanecerá lá (presente) sem esforço.
Cultivo
o ato de prestar atenção, especialmente realizado com base da observação da
respiração e, quando saboreio, ainda que fugazmente, o estado do Ser também
surgem as cores vivas que caem em cascata sobre mim causando sensações
agradáveis. Torno-me sombra, vazio, protegida por luzes coloridas. Eu sou significa
ser presentidade. Quando sou presença capturo o significado heideggeriano de Dasein, Ser-aí.
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