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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Celebrando à vida





Gosto de celebrar a vida. Comemorar o dia em que se faz anos, para mim, é festa! É o momento de comemorar um giro ao redor do sol e o início de um novo ciclo, uma oportunidade de vida que sempre, por um tempo determinado, se renova. Celebrar os aniversários é agradecer em festa a vida.
Compreendo que a vida pode ser comemorada, para além dos aniversários, em um ritual de batismo. Aqui, é a vida renovada pela própria vida o que se comemora. O rito de batismo é uma celebração da renovação, da purificação e da entrada na existência. É com uma alma leve e pura que o corpo habita esse mundo. Um corpo que se constitui de cinco elementos: éter, fogo, água, terra e ar. É a natureza presente na essência de tudo aquilo que tem vida.


Não poderíamos, nós, então, ao celebrar teu batismo deixar de levar em conta a tua essência. Escolhemos para esse ritual um templo aberto - a natureza – e nele celebramos a tua natureza. Foi com a força da terra que, de pés descalços, te abençoamos. Foi com a leveza do vento que te elevamos e abençoamos. Foi com o poder do fogo, símbolo da transmutação, abençoada. Foi na fluidez do rio que com a água fostes abençoada.


O caminho que conduzia até o templo exigiu que adentrássemos na mata e, então, pela primeira vez, não estavas apenas na sombra de um árvore acompanhado o balanço dançante das folhas, mas, encontrava-se em meio a muitas árvores que chacoalhavam seus braços e para ti dançavam. Foi no templo que, pela primeira vez, molhastes teus pés no rio, símbolo da impermanência - o fluxo da vida rumo ao oceano, ao uno. Foi ali, pela primeira vez, que sugaste o peito ao som da cachoeira que, quiça, te permitiu reviver sensações do útero sagrado. Foi ali onde, pela primeira vez, sujastes teus pés na terra e viste a dança espiral das borboletas.


No altar construído na natureza cantamos e dançamos, giramos e circulamos, com amor e alegria celebramos a iniciação da tua existência neste mundo de maya. Mas, ao mesmo tempo, a interiorização do ritual do teu batismo nos fez, nós mesmos, renascer renovados para avida que segue seu fluxo e, nós, nossa evolução espiritual, agora, abençoada pela tua presença. Somos gratos!! OM!

“Torna-te quem tu és”


“O que diz sua consciência? – torne-se aquilo que você é” (Nietzsche)
Como posso tornar-me o que já sou? O discernimento. É ele que conduz ao reconhecimento daquilo que já somos, mas buscamos por achar que nos falta. Como poderíamos deixar de ser aquilo que sempre somos? Há ilusões. As ilusões provém do mundo de fora, dos sentidos que, de fato, estão todos voltados para fora. Conhecemos o mundo pelos cinco sentidos e através deles compreendemos que existe uma separação entre nós, ou ainda, entre o eu que somos e o mundo. Há uma ilusão de separação criada pelos sentidos. Os sentidos nos enganam!

“Como alguém se torna o que é?” (Nietzsche)

Tornar-se o que se é consiste em reconhecer a nossa unidade, implica em tornar-se um com o todo, ou ainda, v(iv)er a unidade que, na verdade, nunca deixamos de ser. A fragmentação é dada pelos sentidos que operam em conjunto com a mente, mas efetivamente não existe. Se deixarmos de estar distraídos, voltados para fora ... se existirmos como Presença é possível reconhecer a nossa integridade – ser todo – ainda que fisicamente separados. Percebemos que nunca perdemos ou deixamos de estar em correspondência com o todo, contudo, isso se dá em outra esfera, no âmbito do sutil. Que há fios invisíveis que nos une a tudo estou certa porque isso possui a mesma natureza da nossa conexão, a fusão entre mãe-filha.