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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Helena, os orgânicos e a pitaia




          Em uma das muitas conversas entre minha mãe e eu, ela, do seu jeito simples e despreocupado fala de como “aquilo que era antigo começou a ser valorizado outra vez”. Ela, que ainda hoje usa as mãos para cultivar a terra, estava se referindo a agricultura e a valorização dos produtos, que eram produzidos em hortas familiares e sem o uso de agrotóxicos, os quais, atualmente, são chamados de orgânicos. Tentei dar sequência a conversa explicando que isso se deve ao fato da sustentabilidade, o ideal do nosso tempo. Procurei de modo bastante simplório explicar que a sustentabilidade é justamente uma tentativa de resgatar a conexão e o respeito pela natureza, perdidos com o passar do tempo e com o surgimento das tecnologias. É justamente a conexão e o respeito consigo mesmo e com a natureza o que expressa o trabalho com a terra e a produção de alimentos orgânicos.
Para tornar ainda mais compreensível o porquê do resgate da agricultura “antiga” (aquela que era praticada em pequenas (ou médias) propriedades rurais, que produzia uma variedade de produtos, usando técnicas que não agrediam o meio ambiente, fertilizantes naturais e nenhum agrotóxico) exliquei o fato da agricultura moderna (que se baseia no uso de adubação química (sintética), sementes transgênicas e de agrotóxicos) estar provocando uma destruição do meio ambiente e efeitos negativos sobre a nossa saúde. Ela agride o meio ambiente porque utiliza produtos químicos que causam o desequilibrio ecológico e a contaminação do solo além da contaminação da água, e, agride a nossa saúde porque todos os dias estamos levando à mesa alimentos que cada vez estão mais contaminados e, consequnetemnte, estamos adoecendo mais facilmente.
          Essa agricultura praticada atualmente e que resgata as técnicas da agricultura tradicional, do saber popular e que também faz uso de tecnologias inovadoras, promove, sobretudo, o  resgate do valor e do respeito do próprio agricultor além de aproximá-lo, outra vez, da terra. Isso foi confirmado neste final de semana, com a visita que junto com a ong Ecobé (do qual somos participantes voluntários), fizemos a Helena, mulher, mãe, agricultora (de Forqueta, distrito do município de Arroio do Meio). Uma mulher que sozinha produz alimentos que comercializa nas feiras ecológicas e em pequenos supermecados. Uma mulher simples, mas, atualizada nas discussões sobre orgânicos, esclarecida o bastante para perceber que produzir e consumir produtos orgânicos é mais do que promover a saúde de si mesma e dos outros, mas é, como ela mesmo falou, um estilo (um filosofia) de vida. Enfim, encontramos uma agricultora que resisitiu em migrar para a cidade (apesar do marido e dos filhos serem citadinos) e resignificou a sua vida quando se reaproximou da terra. Mais do que uma produção orgânica encontramos ali um agricultora orgulhosa de ser o que é, de fazer o que faz; consciente da importância dos produtos orgânicos bem como do seu trabalho de cultivadora da terra.
           E foi assim, em uma tarde ensolada e quente que aprendemos que é possível produzir muito mesmo que em um pequeno pedaço de terra, que conhecemos Helena, uma agricultora exemplar, as suas plantações; saboremos os seus morangos e amoras; e conhecemos a Pitaia Amarela,  fruto de uma das várias espécies de cactos epífitos que não custa menos do que custa R$ 99,00 o quilo.
 A planta só floresce à noite (com grandes flores brancas) e, por isso, são chamadas de Flor-da-Lua ou Dama da Noite. É mais comum encontrá-las no México e na América do Sul, mas, como a encontramos por aqui no sul, então, não podíamos deixar de saboreá-las. Seu sabor é doce suave, difícil associar com algo conhecido. As sementes se assemelham às do maracujá. A fruta é ingerida cru mas pode-se fazer suco ou vinho, já com as flores é possível ingeri-las ou fazer chá. 
 

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