Foucault
escreveu um livro chamado “As palavras e as coisas” onde procurou explicar as
transformações históricas da linguagem. Em síntese, esse livro apresenta a
ideia de que até a modernidade as palavras funcionavam como uma ponte de
ligação entre o eu e o mundo. A relação entre o existente e o mundo, ou ainda,
o acesso ao mundo pelo sujeito é dado pela linguagem. A partir da modernidade,
a linguagem deixa de ser o que se refere ou conecta ao mundo e passa a ser
compreendida como o próprio mundo. As palavras são o mundo e, portanto, sem
elas não existe mundo para o eu cognoscente. A linguagem torna-se, assim, o ser
das coisas.
Para
além de Foucault, percebo a relação entre as palavras e as coisas na realidade,
na construção da linguagem da criança que brinca ao lado. Primeiro a letra,
depois a sílaba e, por fim, a palavra. Mas, como acontece a relação entre as
palavras e as coisas do mundo? Sem dúvida, por meio de um intermediário. Em torno
dos nove meses a criança começa a reconhecer a bola como bola porque um
mediador apresenta o objeto, ao qual ela se refere ao pronunciar “bo”, e o
nomeia como “bola”. Outro exemplo, quando a criança pronuncia “papa” e um
mediador apresenta a comida. É, então, dessa maneira que se dá a construção do
significado entre a coisa e a palavra. Há um salto que ocorre quando o falado
torna-se escrito. Quando as palavras ganham forma, ou ainda, quando o som
adquire um forma (gráfica/geométrica).
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