Diante da ameaça à vida, da
necessidade de isolamento, da reconfiguração da vida social, do modo de
trabalho, da rotina ... como você tem se sentido?
A pandemia que compartilhamos tem
proporcionado aqui em casa uma aproximação de mim comigo mesma e gerado algumas
reflexões. Um questão que tem pulsado em mim é o quanto eu, como mãe e mulher,
interfiro no estado de ânimo ou de humor da criança que vive comigo quase o
tempo todo.
Nós como mulheres somos cíclicas. Se
estivermos atentas a nós mesmas notaremos que durante um mês ou um ciclo
menstrual há dias que estamos alegres, leves, dispostas, pacientes, criativas
mas também há outros em que estamos mais introvertidas, irritadas, tristes,
impacientes, cansadas. Todos os meses isso se repete e acontece junto com as
fases da lua. É por isso que, como a lua, somos cíclicas.
Se estivermos ainda mais atentas
perceberemos que em um único dia já acontecem variações ou mudanças em nosso
estado de ânimo. Tem dias que acordamos bem e depois oscilamos, então,
percebemos em nós a irritação ou tristeza ou o desespero. O contrário também é
verdadeiro: tem dias que acordamos sem querer acordar e com o passar das horas
nosso estado ou modo de estar no mundo muda. Essas oscilações de humor
evidenciam que os ciclos acontecem não só mensalmente mas também um âmbito
menor, em nosso dia a dia.
A partir dos nossos estados de ânimo
compreendemos, nos relacionamos e agimos no mundo. Ou seja, toda nossa
compreensão, ação e relação está sempre sintonizada com o humor. Quando falamos
que uma criança precisa de um bom ambiente para se desenvolver bem não nos
referimos só ao ambiente físico senão também ao dos estados de ânimo. O
isolamento social, o medo da morte, a perda de pessoas próximas, a quebra da
rotina de trabalho, enfim, a mudança em nossas vidas provocadas pela pandemia
podem provocar em nós estados de humor predominantemente "negativos"
e isso interfere diretamente em nosso comportamento com a criança.
Em casa, somos mães e mulheres que podem
estar bastante cansadas e estressadas porque acreditamos que devemos dar conta
de tudo, porque assumimos a responsabilidade por quase tudo; podemos estar
esgotadas física e mentalmente pela sobrecarga que temos, pelas cobranças e que
sofremos de nós em relação a nós mesmas e dos outros, e tudo isso pode produzir
humores ou emoções intensas que não apenas interferem na nossa relação com a
criança mas, sobretudo, influência o comportamento reativo dela.
Observar uma criança é importante
para compreendê-la e saber como agir com ela, mas, ainda mais fundamental, é
observar a si mesma, o que se passa em nós, que tipo de estado de ânimo estamos
vibrando com maior frequência porque é do estado emocional da mãe que depende o
equilíbrio de todo o resto da casa.
Se a situação existencial vivida por
você faz com que vibre mais estados de ânimo “negativos”, lembre-se, que
identificar, aceitar e acolher o que se passa dentro de ti, dentro da sua casa
é sempre um bom caminho para encontrar mais equilíbrio e paz em sua vida.
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