Há um
provérbio que diz que “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”.
Se isso é verdade, então, é gigante a responsabilidade que temos quando estamos
solo na criação e educação da criança. É preciso uma aldeia inteira para
partilhar dos cuidados com a criança, mas na solidão é preciso dar conta de
tudo: atender as suas necessidades, respeitar seus ritmos e tempo, ter empatia
diante da sua imaturidade emocional, permitir que seu desenvolvimento seja o
mais natural possível. Na solidão somos responsáveis pela ordem e equilíbrio do
ambiente, pela alimentação equilibrada, pelo tempo de qualidade, pelo limite de
tempo de exposição às telas, pela alfabetização, pelos dentes escovados, pela
quantidade adequada de sono ... Enfim, sozinhas, somos responsáveis pela
criança, pela casa, pela economia doméstica, pela educação, por nós mesmas,
afinal não podemos esquecer que além de mãe há outros lados, outras dimensões
(emocional, mental, amor próprio) que precisam ser cuidadas e cultivadas. São
tantas as exigências que, na verdade, não é nada estranho se vivemos, na
maternidade solo, desassossegos, inquietação e cansaço tanto físico quanto
metal.
Mas, a solidão
materna, também tem outro lado. Nela podemos entrar em contato mais intimamente
com nós mesmas, com aquilo que somos, com nossos ciclos, com nossas escolhas,
enfim, com a nossa existência no mundo (com a vida que vivemos). A solidão nos
dá a oportunidade do reencontro de nós com nós mesmas, com isso quero dizer, com
os nossos talentos (dons), com as nossas capacidades e com o medo. Quando
vivemos a solidão materna podemos nos conhecer mais e melhor e assim crescer.
Crescer, no entanto, não é buscar a perfeição. Na solidão não precisamos buscar
ser a mãe perfeita, mas somente reconhecer nossas imperfeições e assumi-las
(aceitá-las) ao educar a criança. Essa é a solidão materna profunda: aquela que
nos faz olhar para si, conhecer-se, e, finalmente, crescer (expandir-se) como
humana, mãe, educadora, mulher, sagrada.
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