Em tempos de PANDEMIA gripal, o que te perturba? Não é exatamente o mundo, o medo da morte e a solidão? Nos dias de hoje, o existente humano vive perturbado por uma ameaça à vida, pela necessidade de isolamento e pela alteração no seu modo de vida. Por estar perturbado ele pode deixar de viver distraído, absorvido e perdido no mundo do trabalho, das ocupações, das relações, das aparências, do virtual e FILOSOFAR.
Por causa da pandemia, surgiram barreiras, ergueram-se muros e portas foram fechadas. O mundo das ocupações cotidianas, de repente, não mais que de repente, deixa de ser familiar. O existente humano deixar de estar absorvido pelo mundo cotidiano das ocupações e, ao mesmo tempo, precisa isolar-se dos outros. Ele sente-se estranho no mundo e isso angústia
Em sua nova rotina, o existente no mundo fica da porta de casa para dentro, e, em função disso, está em contato mais íntimo com aqueles com quem divide o mesmo teto e/ou tem uma maior intimidade consigo mesmo, com o seu ser-no-mundo. Em casa, isolados, ficamos mais íntimos dos próximos, de nós mesmos, da nossa casa interior, mas também nos sentimos mais sozinhos e isso nos angústia.
Em tempos pandêmicos o estar no mundo é afetado pela possibilidade da morte de si e do outro: do amigo, do vizinho, dos parentes. O ser-no-mundo, de repente, desperta em si a angústia do nada, que entende-se aqui como sendo a possibilidade da morte, ou ainda, como sendo da própria finitude humana.
A situação existencial de estar em casa vivendo a fuga da solidão por meio da conexão virtual, a reconfiguração da vida social, do modo de trabalho, da rotina ... gera a ANGÚSTIA.
Um ser humano angustiado está em condições de fazer FILOSOFIA. E a filosofia é isso: um casamento com a vida. Ela não acontece separada do próprio existir, porém, é preciso ser tocado ou afetado pela existência. ela não acontece no conformismo, na apatia, na acomodação, no aquietamento.
A philosophia desde a sua origem, começa com uma perturbação: o espanto. Se não somos tocados, perturbados, inquietados, angustiados, enfim, despertados na nossa existência no mundo, então, a filosofia não acontece.
Se, os teus dias de pandemia, são de angústia, então, encoraja-te! Acolha e aceite a angústia, quer dizer, viva afinado com ela. Se não fugir e tiver a coragem de vivenciar a angústia, te encontrarás em abertura, serás um Dasein (o ser-aí) em condição filosofar e transcender o mundo.
A solidão nos faz mais nós mesmos.
ResponderExcluirGK
Sim, bem por aí! :) _/\_
ExcluirMaravilhoso querida!
ResponderExcluirAlgo a se refletir também é que,com a chegada da angústia, mais e mais pessoas não conseguiram "fazer as pazes" com a aflição, contemplar a própria fragilidade. Consequentemente, muitas pessoas continuaram saindo, reunindo-se e encontrando-se em aglomerações. Talvez, essa necessidade de se conectar com o outro, é um reflexo da modernidade; sujeitos precisam cada vez mais ter o outro, para evitar ter a si mesmo e ter que lidar com a própria obscuridade.
Essa pandemia mostrou, acima de tudo, que cada vez mais escapamos da angústia. Poucos tem a coragem para encarar aquilo que se é - capacidade que, em muitos casos, só pode ser despertada com a filosofia, ou com textos como o teu!
Novamente, parabéns!
Eiii amigo gratidão pela troca!!
ExcluirE não é que filosofamos! 😊🙏
Há um artigo completo (bem heideggeriano) escrito sobre o tema. Enviei para uma revista e se for aceito envio pra vc e continuamos o filosofar 😊
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