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sábado, 20 de outubro de 2018

Amor e Paz


A realidade é dual: esquerda X direita, bem X mal, bom X ruim, corrupção X fascismo. A realidade é maya (ilusão). Em tempos como estes estar aprisionado em maya é não conseguir ir além da dualidade existente no mundo, é ser presa do medo. Medo do que está por vir no âmbito político-social: uma ditadura? Medo do que anda acontecendo nas ruas: preconceito escondido se manifestando na forma de violência. Medo do que poderemos viver: uma perda da nossa liberdade (exterior). Acontece que o medo cria o que tememos. Como li um dia destes: pensamento, é elétrico, emoção magnética.” Isso quer dizer que o pensamento funciona por descargas elétricas, as emoções funcionam por vibração; elas atraem o que vibram. O que acrescento, agora, é que ambos não se opõem, mas estão conectados. Aquilo que a emoção vibra e atrai está intimamente ligado com o pensamento. Se vibro emoções positivas não apenas atraio o que é positivo como penso mais positivamente e isso se reflete no modo como percebo/compreendo o mundo.

Kau Mascarenhas

No mundo da dualidade, o contrário do medo é o amor em seu sentido elevado: como compaixão. Esse amor vê até mesmo o vilão de toda essa história política como sendo vítima da ignorância; reconhece que ele também é um ser divino. Pôr em prática o amor não é tão fácil como se pode pensar. Tente, e verás que é um exercício que deve ser constantemente lembrado para ser posto em prática. A prática do amor como compaixão nos retira, nos faz ir além, nos faz transcender o mundo da dualidade – maya. Além do amor há uma outra maneira de transcender a realidade dual: torna-te equânime, em outras palavras, encontre o equilíbrio, o meio-termo. Estar equilibrado é não estar nem de um lado nem de outro isso, no entanto, não significa não agir. Como parte da realidade político-social não posso deixar de agir. Ajo, escolho, decido pelo mais sensato, mas, com equilíbrio.


O encontro do ponto de equilíbrio ou da equanimidade depende da compreensão de que a vida é um jogo, é samsara. A roda do mundo gira, o jogo acontece, e o que se mantém em constância é a ignorância. O mundo é ignorância e lutar contra a ignorância da multidão do mundo é vão porque desde que o mundo é mundo a ignorância sempre está aí. Ela está aí porque é para estar, sem ela não há o mundo humano. Entrar na batalha contra a ignorância do mundo - seja ela política ou de outro tipo é lutar contra o que está fora e nessa luta não encontramos a paz. Conta uma história hindu que Rama, um grande rei e guerreiro inigualável, venceu grandes batalhas e muitos inimigos fora de si, mas não conseguia encontrar a paz do lado de dentro. Para isso foi necessário voltar-se para si, foi preciso lutar não contra a ignorância da multidão, mas contra a própria ignorância. Quando lutamos com a nossa própria ignorância e não com a do mundo conseguimos encontrar a paz dentro (de nós) e é assim que temos que viver seja em uma democracia ou ditadura

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Ao educar, educo-me





Montessori disse que a vida dela poderia ser resumida em uma frase: “Eu descobri a criança”. Como? Ela simplesmente olhou para a criança. Observou. Em sua postura de observação deixou de lado teorias sobre a criança, pôs em suspensão os juízos, os preconceitos culturais. Tão somente pela observação ela permitiu a criança se revelar naquilo que ela é, deixou-a desvelar-se na sua essência. Como pais e educadores é fundamental nos exercitar na atividade inativa de observar, simplesmente, sem interferir. Para isso é necessário por em suspensão nossos juízos ou julgamentos, é preciso silenciar. É no silencioso observar que desvendamos a criança que existe ali diante do nosso olhar, sob a nossa proteção, envolvida pelo amor. Ela que está aí completamente presente e em sua inteireza.



A observação da vida humana que se desenvolve ao lado exige o não envolvimento, isto é, o distanciamento do observador. Exige que ele seja apenas uma testemunha dos processos da criança e que compreenda as necessidades e qualidades dela. Ao educar podemos nos tornar um eu observador quando deixamos de ser um eu ativo e intervensor, isso quer dizer, quando silenciamos. É um exercício simples mas muito difícil de realizar isso de parar e simplesmente observar. Quando realmente observamos não interrompemos com um juízo, não interferimos com uma brincadeira, uma ajudinha, com um acréscimo, dando uma direção ou explicação. Observar significa ficar quieto e não quebrar o silêncio introspectivo e atento da criança. Observar significa silenciar. Nossa tendência natural, no entanto, é o oposto disso. Quase o tempo todo realizamos uma intervenção. Fato é que temos uma resistência em silenciar. Há um tumulto em nós que quer se expressar, mas essa polifonia de vozes precisar ser calada. Para isso é necessária uma transformação de si mesmo.




A postura de um eu observador inativo, a atitude do silêncio diante da criança só é possível quando ocorrer uma mudança dos próprios pais-educadores. Essa mudança acontece, por sua vez, por meio da reflexão sobre si mesmo, da nossa postura e atitude como educadores. Essa reflexão acontece quando olhamos para nós mesmos, ou seja, por meio da observação acerca de si. Sim, quando adentramos na educação montessoriana, inevitavelmente, há uma transformação de si que acontece ao educar o outro, há uma observação de si que deve ser feita para poder silenciar o observar a criança que se revela (para o observador). É, por isso, que, sinceramente, a pedagogia montessoriana é (r)evolucionária!!

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Maria Montessori





No dia 31 de agosto comemora-se o nascimento e a vida de Montessori. Quem é Maria Montessori? Uma educadora italiana que, de início, recusou-se em se tornar professora, ocupação desempenhada por mulheres não satisfeitas em restringir-se aos trabalhos do lar. Montessori desafiando os costumes e superando os preconceitos da época foi estudar matemática em uma escola técnica e, mais tarde, formou-se em medicina (1896). No início da carreira, ao frequentar o hospital de alienados, sensibilizou-se com as crianças portadoras de dificuldades especiais: crianças consideradas incapazes por deficiência mental, marginalizadas e desprezadas que ali se encontravam. Não conseguiu ficar indiferente a tal situação e, assim, tornou-se uma pesquisadora na educação. Teve a preocupação de demonstrar que crianças com deficiência mental não aprendem quando lhes falta um ambiente adequado e quando não se utiliza materiais sensoriais apropriados. Levando em conta esses dois aspectos, Maria Montessori, durante dois anos (1898-1900) educa crianças especiais e inscreve-as no exame nacional que avalia a inteligência infantil e, surpreendentemente, muitas de suas crianças apresentam um resultado melhor do que alunos das escolas regulares italianas. Inquieta com este fato busca compreender o que acontece no ensino regular e, assim, torna-se uma estudante de pedagogia e, mais tarde, professora universitária, mas, aos 40 anos a vida tratou de lhe oferecer a oportunidade de aplicar suas hipóteses teóricas (acerca da educação baseada nos sentidos e no ambiente preparado) em crianças normais e ela não hesitou. Em 1907 assume a direção da construção de uma escola – a Casa dei Bambini – e aqui, educando alunos regulares, ela descobre a criança. Intuitivamente cria o método de escrita espontânea que, por sua vez, faz com ela seja internacionalmente reconhecida e seu modelo de educação reaplicado em escolas espalhadas por diferentes partes do mundo.



Maria Montessori: psiquiatra, professora, educadora, e, sobretudo, uma grande pensadora da educação. É pela observação, primeiro, das crianças com deficiência, depois das normais que ela aprende e compreende a essência da criança, os períodos sensíveis, o processo da aprendizagem, e, assim, estrutura sua pedagogia científica, um método que respeita a criança em seu ser natural e espontâneo. Só por isso, Montessori já é uma mulher extraordinária, mas, para além disso, em suas andanças pelo mundo ela conhece Gandhi, teve o reconhecimento de Piaget e de Tagore. O reconhecimento de Piaget aconteceu quando 1929 ela funda a Associação Montessori Internacional. Na ocasião ela com 59 anos e Piaget com 33, pai de duas filhas, observador da vida que se desenvolvia ao lado e, ao mesmo tempo, formulador das teorias acerca da inteligência infantil. Já o encontro com Gandhi ocorreu, primeiro em 1931, em Londres, e, mais tarde, na Índia, no período da segunda guerra mundial, quando ela foi exilada da Itália e ficou em solo indiano por quase uma década (1939-1949), tempo em que se comprometeu com a formação de cerca de 1500 professores. Gandhi lutou durante três décadas sem violência contra o domínio inglês, e, Montessori, por sua vez, educou para a paz. Em 1925, em Nova York, Montessori encontra, pela primeira vez, aquele que se torna seu grande admirador, o fundador da escola Morada da Paz (Santhiniketon), o poeta místico e educador Tagore, prêmio Nobel de literatura (1913). Com ele, assim como depois de conhecer Gandhi, mantém contato por meio de correspondência. No período indiano, em que encontrou e se solidarizou com Gandhi e Tagore amadurece e expande o seu pensamento, passa a compreender a educação como cósmica.



quarta-feira, 2 de maio de 2018

Maternidade e autoconhecimento



Considero a maternidade uma intensa jornada espiritual isso porque vejo nesse caminho a grande e profunda oportunidade de autoconhecimento. Reconheço o conhecimento de si como o objetivo mais elevado desta vida diante do qual todos os demais (material, relacionamento, felicidade) tornam-se secundários. O conhecimento de si a que me refiro diz respeito ao eu que sou e as emoções que ciclicamente aparecem no exercício da maternidade. Porém, para além do âmbito psicológico e emocional a maternidade oportuniza o autoconhecimento na esfera do mental. Quando se trata do eu, a maternidade nos permite conhecer as diferentes facetas do ego e exige a prática do desap(Ego). Nela também ficamos frente a frente com emoções (aparentemente) contrapostas como o amor e a raiva, com os quais inevitavelmente temos que aprender a lidar. Mas, a partir dela podemos adentrar ainda mais profundamente em nós mesmos, podemos reconhecer os diferentes tipos de pensamentos que nos habita. Em outras palavras, a maternidade pode tornar mais evidente o que passa em nosso coração e na cabeça.
Os pensamentos que por ora reconheço e que fazem morada em mim são do tipo da memória, da pressuposição, da dualidade, vitimização e da imaginação. Um padrão de comportamento mental muito comum e recorrente na relação com um filho é o da memória assim como é a pressuposição aquele que, em geral, se manifesta na relação com o outro. Em nosso ser-com o outro pressupomos quase o tempo todo: quando o outro fala e age, quando nos parece estar assim ou assado. Se pressupõe, e quanta presunção! Quando o pensamento pressuposição torna-se habitual em uma relação temos como resultado o desentendimento, a discordância, enfim, o conflito. Sem pressupor evita-se o conflito do mesmo modo que sem ir contra as coisas tal como elas são, evita-se o sofrer.
Quanto se pressupõe baseado na fala e na ação do outro! Quanto ouvidos damos aos outros na criação de um filho! O pensamento da memória está aí, frequentemente, quando criamos nossos filhos. A memória é a polifonia de vozes da mente. Por dar ouvidos a essas vozes do passado, geralmente, sentimos medo e resistimos a realizar mudanças em nossa vida. Por dar ouvido a tantas vozes da mente a nossa ação não é mais do que uma reação, uma resposta. Se ouvimos essa vozes, quando se trata de um filho, deixamos de dar colo, porque vicia; nos tornamos duros para impor limites; ensinamos obediência por meio de castigos e recompensas; introduzimos o alimento sem permitir a autonomia. Certamente, não ouvimos a intuição porque é elevado o ruído das vozes da mente!
Fato é que os pensamentos pressuposição, os pensamentos memória e os outros podem ser calados e sabemos que isso acontece quando, de repente, experenciamos algo que foge, por instantes, da mente ou do fluxo de pensamentos. Os insights surgem nas brechas da mente, nos espaços entre os pensamentos. É uma experiência dada em um lampejo de consciência, em um agora, na presença. Por hora, deixemos tal experiência torna-se mais familiar e nos ocupemos de estar atentos aos tipos de pensamentos que surgem e desaparecem e que, por sua vez, também só podem ser percebidos na presença, no aqui e agora. Om!

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Retira-te, retiro-me





Quem está em retiro?
Tu que estas lá
Ou meu ser que está aqui onde estou?
Primeiro tu retira-te em silêncio
Meu ser permanece no tumulto
Agora, tu retiraste para estar junto de outros
Meu ser permanece aqui
No silêncio do nosso lar
Na “solidão” de dois
É preciso estar só
Com medo, as sombras aparecem ...
Para além disso
É nas solidão que se manifesta
A oportunidade do voltar-se pra si
Do conhecimento de si
A medit(A)ção torna-se mais intensa e constante
E, no ser presença
Há a experiência
Dos fugidios e delicados instantes divinos
De repente, não mais que de repente
Um súbito lapejo de consciência
Que pertencem e acontecem
Na singela beleza
Do observar
O desenvolvimento da vida

segunda-feira, 26 de março de 2018

O círculo de Mabon





Surya é filha do outono. Há um ano atrás estávamos em círculo mas ela não conhecia o outono nem eu o percebia. Agora, um ano depois, outra vez, estamos em um círculo sagrado feminino e celebrando o outono. Outono é o tempo em que caí na terra aquilo que não serve mais, aquilo de que não mais se precisa. É tempo de recolhimento, mas também de leveza porque quando deixamos para trás aquilo que não mais nos pertence, tornamo-nos leves para recomeçar. Todo recomeço contém em si um renascimento. Cada uma de nós que esteve ali, no círculo, sabia intuitivamente o que é o outono fora e dentro de si. O outono que celebramos em roda, é, segundo a cultura celta, uma celebração de agradecimento pela colheita do que foi plantado, uma celebração em que se honra os ancestrais e o espírito (vida) da terra. Esse festival é conhecido como Mabon.

Foto de Andressa Rotondaro

Nós, mulheres, re(unidas), ali, naquele círculo honramos nossos antepassados reconhecendo que somos o que somos porque eles foram o que foram, reconhecemos a importância da vida que gera vida. Honramos fazendo reverencia e agradecendo, honramos quando decidimos tomar o rumo de nossa vida em nossas mãos nos desidentificando da linhagem que nos antecedeu. Quando reconhecemos, agradecemos e nos despedimos daqueles que nos precederam também nos libertamos de cargas pesadas. Elas deixam de nos pertencer e, assim, ao nos tornar livres também nos tornamos mais leves.

Foto Andressa Rotondaro

Com a leveza das folhas que caem fomos convidadas, no círculo, a nos tornar sementes. Como sementes, em posição fetal, era possível sentir em nós a força e potência da vida. Enquanto sementes caímos de uma vigorosa árvore diretamente na terra, sentimos o calor do ventre e, ao som do tambor, sentimos em nós a vida pulsar forte, firme, preparando-se para renascer. Em círculo, em um noite estrelada de lua nova, cantamos, primeiro em desarmonia, depois em uníssono “água da vida, purifica-me. Fogo do amor, libera o meu temor. Vento da alma, me leve a voar. Mãe terra, volto ao meu lugar “. As vozes ecoaram noite à dentro, coração à dentro e, então, silêncio. OM!


quarta-feira, 21 de março de 2018

As palavras e as coisas


Foucault escreveu um livro chamado “As palavras e as coisas” onde procurou explicar as transformações históricas da linguagem. Em síntese, esse livro apresenta a ideia de que até a modernidade as palavras funcionavam como uma ponte de ligação entre o eu e o mundo. A relação entre o existente e o mundo, ou ainda, o acesso ao mundo pelo sujeito é dado pela linguagem. A partir da modernidade, a linguagem deixa de ser o que se refere ou conecta ao mundo e passa a ser compreendida como o próprio mundo. As palavras são o mundo e, portanto, sem elas não existe mundo para o eu cognoscente. A linguagem torna-se, assim, o ser das coisas.




Para além de Foucault, percebo a relação entre as palavras e as coisas na realidade, na construção da linguagem da criança que brinca ao lado. Primeiro a letra, depois a sílaba e, por fim, a palavra. Mas, como acontece a relação entre as palavras e as coisas do mundo? Sem dúvida, por meio de um intermediário. Em torno dos nove meses a criança começa a reconhecer a bola como bola porque um mediador apresenta o objeto, ao qual ela se refere ao pronunciar “bo”, e o nomeia como “bola”. Outro exemplo, quando a criança pronuncia “papa” e um mediador apresenta a comida. É, então, dessa maneira que se dá a construção do significado entre a coisa e a palavra. Há um salto que ocorre quando o falado torna-se escrito. Quando as palavras ganham forma, ou ainda, quando o som adquire um forma (gráfica/geométrica).

sexta-feira, 9 de março de 2018

A maternidade é agridoce




Na maternidade nem tudo são flores. Em nossos primeiros seis meses juntas percebo que há em mim um presença insistente e cíclica de um estado de ânimo: a brabeza ou raiva ou irritação. É claro que sei que não é uma boa deixar a raiva sobreviver entre nós. Não é sábio permitir que esse padrão de comportamento se reproduza entre nós porque isso, certamente, tornar-se-à um dos teus padrões de comportamento. Então, o que fazer? Enganar a si mesma fingindo ser a mãe perfeita, calma, tranquila, que não grita e que não sente, as vezes, vontade de fugir? Impossível. Não consigo enganar a mim mesma. É possível “segurar” e não dar vasão a tempestade interior? Sim, é possível calar e esconder a raiva que vez ou outra insiste em visitar-me já que, afinal, sou cíclica. Acontece que interiormente, sei que não é o melhor fazer isso que fiz durante boa parte desta vida porque tudo o que é represado uma hora ou outra acaba se manifestado com muito mais fúria. Assim, estou convencida de que o caminho a se seguir é o do conhecimento. Por meio do conhecimento, quiça, poderemos transformar raiva em sorrisos.
 Aprendi com os mestres que é preciso estar atento, presente, e, assim, tornamo-nos consciente das emoções que surgem e, no caso da raiva, ao ter ciencia dela, ao mesmo tempo, ela se dissipa. Contudo percebi que isso não me bastava, não era suficiente. Na maternidade aprendi que preciso ir além, isso quer dizer, mais do que estar consciente é preciso compreender os motivos e as causas da raiva. Nesse exercício a respeito de si compreendi que a brabeza pode ser um padrão de comportamento herdado do modelo feminino, isto é, da mãe. Ela é o nosso primeiro grande exemplo de “modus operandi” no mundo. Também compreendi que a raiva é uma emoção que se manifesta na infância, nas situações em que somos contrariados ou quando não somos ouvidos e, ainda, quando não conseguimos expressar o que pensamos e queremos dizer. Isso me faz perceber que quando a raiva existe em mim reproduzo a mãe, insatisfeita com as “coisas” do mundo que não acontecem segundo o próprio querer nem correspondem as suas expectativas; sou a manifestação da criança contrariada, agora, por outra criança que em seu ser é espontânea e imprevisível, que não necessariamente respeita uma rotina e planejamento e que nem sempre atende as minhas vontades.
Com a maternidade temos a oportunidade de lidar com nossas emoções e, por isso, há dias de céu cinza e de secura no jardim. As vezes ela pode parecer um pântano, contudo, é do pântano que nasce a flor de lótus; é da compreensão e acolhimento das nossas emoções que podemos dar um salto espiritual.